REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Sábado da 10ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem,
atendei ao nosso apelo
e fazei-nos, por sua
inspiração,
pensar o que é certo
e realizá-lo com vossa ajuda.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,33-37)
33Ouvistes
ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o
Senhor os teus juramentos. 34Eu, porém, vos digo: não jureis de modo
algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra,
porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande
Rei. 36Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo
tornar-se branco ou negro. 37Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é
não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno.
3) Reflexão -
Mt 5,33-37
* No evangelho de hoje, Jesus faz a releitura do mandamento
“Não jurar falso”. E aqui também, ele vai para além da letra, busca o espírito
da lei e procura mostrar o objetivo último deste mandamento: alcançar a
transparência total no relacionamento entre as pessoas. Aqui vale aplicar o que
já dissemos a respeito dos mandamentos “Não matar” e “Não cometer adultério”.
Trata-se da nova maneira de interpretar e de colocar em prática a Lei de Moisés
a partir da nova experiência de Deus como Pai/Mãe que Jesus nos trouxe. Jesus
relê a lei a partir da intenção que Deus tinha ao proclama-la, séculos atrás,
no Monte Sinai.
* Mateus 5,33: Foi dito aos antigos: não jurar
falso
A lei do AT dizia: “Não jurar falso”. E acrescentava
que a pessoa deve cumprir os seus juramentos para com o Senhor (cf. Nm 30,2).
Na oração dos salmos se diz que só pode subir a montanha de Javé e chegar no
lugar santo “aquele que tem mãos inocentes e coração puro, que não confia nos
ídolos, nem faz juramento para enganar”
(Sl 24,4). O mesmo é dito em vários outros lugares do AT (Ecle 5,3-4), pois
deve-se poder confiar nas palavras do outro. Para favorecer esta confiança
mútua, a tradição tinha inventado a ajuda do juramento. Para dar força à sua
palavra, a pessoa jurava por alguém ou por algo que era maior do que ela e que
poderia vir castiga-la caso ela não cumprisse o que prometeu. E assim é até
hoje. Tanto na igreja como na sociedade, há momentos e ocasiões em que se
exigem juramentos solenes das pessoas. No fundo, o juramento é a expressão da
convicção de que nunca se pode confiar inteiramente na palavra do outro.
* Mateus 5,34-36: Mas eu digo: não jurar nunca
Jesus quer sanar esta deficiência. Não basta “não
jurar falso”. Ele vai mais além e afirma: “Eu,
porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de
Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por
Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria
cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Faziam
juramento pelo céu, pela terra, pela cidade de Jerusalém, pela própria cabeça.
Jesus mostra que tudo isto é remédio que não cura a doença da falta de
transparência no relacionamento entre as pessoas. Qual é a solução que ele
propõe?
* Mateus 5,37: O Sim seja sim, e o não seja não.
A solução que Jesus propõe é esta: “Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não',
quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno". Ele
propõe a total e radical honestidade. Nada mais do que isto. O que você disser além disso, vem do Maligno
. Aqui, novamente, aqui somos confrontado com um objetivo que ficará sempre na
nossa frente e que nunca chegaremos a cumprir totalmente. É uma outra expressão
do novo ideal de justiça que Jesus propõe: “ser perfeito como o Pai celeste é
perfeito” (Mt 5,48). Jesus elimina pela raiz qualquer tentativa de eu criar em
mim a convicção de que me salvo pela minha observância da lei. Ninguém poderá
merecer a graça de Deus. Já não seria graça. Observamos a Lei, não para merecer a salvação, mas para agradecer de coração a imensa bondade
gratuita de Deus que nos acolhe, perdoa e salva sem merecimento algum da nossa
parte.
4) Para um confronto pessoal
1) Como é a minha observância da lei?
2) Será que já experimentei alguma vez na vida algo da
bondade gratuita de Deus?
5) Oração final
Bendigo o Senhor porque me deu conselho,
porque mesmo de noite o coração me exorta.
Ponho sempre o Senhor diante dos olhos,
pois ele está à minha direita; não vacilarei. (Sl
15,7-8)
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