9 de jun. de 2013

Segunda-feira da 10ª Semana Comum


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA

(LECTIO DIVINA)


Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Segunda-feira da 10ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Ó Deus, fonte de todo bem,
atendei ao nosso apelo
e fazei-nos, por sua inspiração,
pensar o que é certo
e realizá-lo com vossa ajuda.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 5,1-12)

Naquele tempo: 5,1Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los: 
3'Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 
4Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 
5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 
6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 
7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 
8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 
9Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 
10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 
11Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus. 
Palavra da Salvação.

3) Reflexão - Mt 5,1-12
*  A partir de hoje, início da 10ª Semana Comum, até o fim da 21ª Semana Comum, os evangelhos diários serão tomados do evangelho de Mateus. Depois até o fim do ano litúrgico em novembro, serão do evangelho de Lucas.
*  No Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades de judeus convertidos da Galiléia e Síria, Jesus é apresentado como o novo Moisés, o novo legislador. No AT a Lei de Moisés foi codificada em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões espalhados pelo evangelho:  1) O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29);  2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42);  3) O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52);  4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35);  5) O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46). As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como ele observava a nova Lei e a encarnava em sua vida.
*  Mateus 5,1-2: O solene anúncio da Nova Lei
De acordo com o contexto do evangelho de Mateus, no momento em que Jesus pronunciou o Sermão da Montanha, havia apenas quatro discípulos com ele (cf. Mt 4,18-22). Pouca gente. Mas uma multidão imensa estava à sua procura (Mt 4,25). No AT, Moisés subiu o Monte Sinai para receber a Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a Montanha e, olhando o povo, proclama a Nova Lei. É significativa a maneira solene como Mateus introduz a proclamação da Nova Lei: Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: 'Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos CéusAs oito Bem-Aventuranças formam a solene abertura do "Sermão da Montanha". Nelas Jesus define quem pode ser considerado feliz, quem pode entrar no Reino. São oito categorias de pessoas, oito portas de entrada para o Reino, para a Comunidade. Não há outras entradas! Quem quiser entrar no Reino terá que identificar-se ao menos com uma destas oito categorias.
*  Mateus 5,3: Felizes os pobres em espírito
Jesus reconhece a riqueza e o valor dos pobres (Mt 11,25-26). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele mesmo, vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Mt 8,20). E a quem quer segui-lo ele manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). No evangelho de Lucas se diz: “Felizes vocês pobres!” (Lc 6,20). Então, quem é o “pobre em espírito”? É o pobre que tem o mesmo espírito que animou Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que, como Jesus, acredita nos pobres e reconhece o valor deles. É o pobre que diz: “Eu acredito que o mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor”.
1. Felizes os pobres em espírito
1  deles é o Reino dos Céus
2. Felizes os mansos
2  herdarão a terra
3. Felizes os aflitos
3  serão consolados
4. Felizes os que têm fome e sede de justiça
4  serão saciados
5. Felizes os  misericordiosos
5  obterão misericórdia
6. Felizes os de coração puro
6  verão a Deus
7. Felizes os promotores da paz
7  serão filhos de Deus
8. Felizes os perseguidos por causa da justiça
8  deles é o Reino dos Céus
*  Mateus 5,4-9: O novo projeto de vida
Cada vez que na Bíblia se tenta renovar a Aliança, se recomeça restabelecendo o direito dos pobres e dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Nas bem-aventuranças, ele anuncia o novo Projeto de Deus que acolhe os pobres e os excluídos. Ele denuncia o sistema que exclui os pobres e persegue os que lutam pela justiça. A primeira categoria dos “pobres em espírito” e a última categoria dos “perseguidos por causa da justiça” recebem a mesma promessa do Reino dos Céus. E a recebem desde agora, no presente, pois Jesus diz “deles é o Reino!” O Reino já está presente na vida deles. Entre a primeira e a última categoria, há três duplas ou seis outras categorias de pessoas que recebem a promessa do Reino. Nestas três duplas transparece o novo projeto de vida que quer reconstruir a vida na sua totalidade através de um novo tipo de relacionamento: com os bens materiais (1ª dupla); com as pessoas entre si (2ª dupla); com Deus (3ª dupla). A comunidade cristã deve ser uma amostra deste Reino, um lugar onde o Reino começa a tomar forma desde agora.
*  As três duplas:
Primeira dupla: os mansos e os aflitos: Os mansos são os pobres de que fala o salmo 37. Eles foram privados de suas terras e vão herdá-las de novo (Sl 37,11; cf Sl 37.22.29.34). Os aflitos são os que choram diante da injustiça no mundo e no povo (cf. Sl 119,136; Ez 9,4; Tob 13,16; 2Pd 2,7). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com os bens materiais: a posse da terra e o mundo reconciliado.
Segunda dupla: os que tem fome e sede de justiça e os misericordiosos: Os que tem fome e sede de justiça são os que desejam renovar a convivência humana, para que ela esteja novamente de acordo com as exigências da justiça. Os misericordiosos são os que tem o coração na miséria dos outros porque querem eliminar as desigualdades entre os irmãos e irmãs. Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento entre as pessoas através da prática da justiça e da solidariedade.
Terceira dupla: os puros de coração e os pacíficos: Os puros de coração são os que tem um olhar contemplativo que lhes permite perceber a presença de Deus em tudo. Os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus, porque eles se esforçam para que a nova experiência de Deus possa penetrar tudo e realize a integração de tudo (Shalôm). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com Deus: ver a presença atuante de Deus em tudo e ser chamado filho e filha  de Deus.
*  Mateus 5,10-12: Os perseguidos por causa da justiça e do evangelho
*  As bem-aventuranças dizem exatamente o contrário do que diz a sociedade em que vivemos. Nesta, o perseguido pela causa da justiça é visto como um infeliz. O pobre é um infeliz. Feliz é quem tem dinheiro e pode ir no supermercado e gastar à vontade. Feliz é quem tem fama e poder. Os infelizes são os pobres, os que choram! Na televisão, as novelas divulgam este mito da pessoa feliz e realizada. E sem nos se dar conta, as novelas acabam se tornando o padrão de vida para muitos de nós. Será que na nossa sociedade ainda há lugar para estas palavras de Jesus: “Felizes os perseguidos por causa da justiça e do evangelho! Felizes os pobres! Felizes os que choram!”? E para mim, que sou cristão ou cristã, quem é feliz de fato?

4) Para um confronto pessoal
1) Todos queremos ser felizes. Todos e todas! Mas somos realmente felizes? Por que sim? Por que não? Como entender que uma pessoa possa ser pobre e feliz ao mesmo tempo?
2) Quais os momentos em sua vida em que você se sentiu realmente feliz. Era uma felicidade como aquela que foi proclamada por Jesus nas bem-aventuranças, ou era de outro tipo?

5) Oração final

Para os montes levanto os olhos:
de onde me virá socorro?
O meu socorro virá do Senhor,
criador do céu e da terra. (Sl 120,1-2)




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